DINDA
Queria que a verdade fosse como um fruto
que a gente alcançasse à qualquer minuto
fosse como um doce
e que terna fosse que me iluminasse
como a luz da tarde que o azul me trouxe
Queria que meu barco se fizesse ao largo
se soltasse ao vento
que não fosse amargo nem magoasse tanto
que plantasse auroras de contentamento
como a paz lá fora apaziguando um canto
Felicidade mora logo atrás do muro
ali onde os namorados se enrolam no escuro
ali onde a noite cai dos claros do estrelado
ali se abre um corpo em fogo ensolarado
Ela se faz de tonta e ele se faz de burro
“meu amor te amo” “meu amor eu juro”
“meu amor promete” “ meu amor me deixa”
no final de contas fazem no chão duro
Queria um só momento essa tranqüilidade
que se vê nas folhas balançando ao vento
quando o vento mexe
remexendo as flores sol raiando em cores
no girando gira de algum catavento
Eu só queria Dinda um adeus ainda
das morenas lindas no final da festa
quando eu for embora
pra seguir cantando um último chorinho
dar um abraço em todas prá seguir sozinho
Queria ser alpinista pra escalar teu corpo
e me perder de vista na rosa dos ventos
eu só queria um dia da tua geografia
ao sul do teu umbigo depravado e amigo
Ao norte eu colheria em teu pomar os figos
de aplacar meu sonho de acalmar a sanha
e ser o seu amor com muito ardor e manha
nas manhãs de fogo sobre tuas montanhas